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16 de abril de 2002
por Larissa Magrisso / Redação Terra


Vidas Cegas, de Marcelo Benvenutti, é o novo título da Livros do Mal

Em pleno lançamento das duas primeiras obras da editora Livros do Mal na Feira do Livro de Porto Alegre, em outubro de 2001, os dois autores e editores, Daniel Pellizzari e Daniel Galera, já estavam preparando mais um livro de contos curtos e com potencial para fascinar tanto como fizeram Ovelhas que Voam se Perdem no Céu, de Pellizzari, e Dentes Guardados, de Galera.

Desta vez, o livro chama-se Vidas Cegas e o autor é Marcelo Benvenutti, um mentiroso (segundo ele próprio) de 31 anos, que mora em Porto Alegre. Ele chamou a atenção de Galera e Pellizari em 1996, quando escrevia em diversos fanzines. Tanto os de papel, Autor usa codinomes como o ZE, quanto os eletrônicos, como A Folha Mutante e, depois, o TV Eye e o Arrrte!.

Neles, Benvenutti contava as histórias por trás de pseudônimos. "Surgiram milhares de autores trimmassa com nomes bizarros na web ao mesmo tempo, como Carlo Manero e Dorian Wild, e todos eram o Benvenutti. Todo mundo achava que eram pessoas diferentes, porque era muito convincente", conta Pellizzari.

Em Vidas Cegas, Benvenutti apresenta 70 textos. Cada um deles é uma "vida", uma narrativa sobre um determinado personagem. O texto ficou pronto em quatro meses. Agora, o livro está sendo impresso. O projeto gráfico segue a linha dos lançamentos anteriores da editora, e a capa traz uma ilustração do Guilherme Pilla.

A idéia de publicar o primeiro livro de Benvenutti pela Livros do Mal surgiu ao mesmo tempo pelos editores e pelo autor. Eles se conheceram "lá por 1999" em um Bailão do CardosOnline, festa promovida pelo fanzine em que Pellizzari e Galera escreviam. "Quando criamos a Livros do Mal, no final de 2000, pensamos em fazer uma editora onde fosse possível publicar o Benvenutti", lembra Galera.

Um dia, Benvenutti escreveu aos dois dizendo que tinha um livro em desenvolvimento, um projeto ao qual "estava dedicando todas suas forças", e queria saber se eles gostariam de publicar.

Galera define Benvenutti como "um cara que escreve por necessidade psicológica e fisiológica, um escritor no sentido romântico, que faz isso com muito talento". E o elogiado se defende: "Necessidade psicológica de escrever todos têm, mas isso eu deixo pros escrevedores de diários. Fisiológica? Não sei. Eu gosto de ler no banheiro. Mas escrever, eu escrevo em qualquer lugar. Não precisa ter caneta ou teclado por perto. Mas eu tenho claras e explícitas tendências românticas, mesmo que pareça cínico, o que não deixa de ser romântico."

Perguntado sobre a expectativa nutrida sobre o lançamento do primeiro livro, Benvenutti faz graça e se detém à noite de estréia, marcada para o dia 23 de maio: "a expectativa é de que seja num dia frio, que os amigos compareçam, que muita gente, que eu nem faça idéia de quem seja, apareça, que a cerveja esteja gelada e que eu não precise trabalhar no dia seguinte."